Sumário
O financiamento para cooperativas de reciclagem foi anunciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e promete fortalecer o protagonismo das cooperativas de reciclagem em todo o país.
Com um investimento total de R$ 20 milhões, o edital lançado em março de 2025 visa fomentar a cadeia de valor da reciclagem e ampliar o impacto social e ambiental dessas organizações, que operam na linha de frente da economia circular.
A ação representa um passo relevante para o setor da logística reversa, cada vez mais exigido por políticas públicas e expectativas sociais.
Ao promover o financiamento para cooperativas de reciclagem, o BNDES não apenas estimula práticas sustentáveis, mas também reconhece a importância do trabalho de milhares de catadores que atuam, muitas vezes de forma invisível, na gestão dos resíduos sólidos urbanos.
Um incentivo à inovação e estruturação
Segundo o banco, o objetivo central do edital é apoiar projetos que promovam melhorias estruturais e operacionais nas cooperativas. Isso inclui a aquisição de equipamentos, capacitação de trabalhadores, aprimoramento da governança e ações que tornem os processos mais eficientes e competitivos.
O edital se insere na estratégia do BNDES de fomentar negócios de impacto socioambiental, alinhados às diretrizes ESG (Environmental, Social and Governance). A expectativa é que as cooperativas selecionadas consigam expandir sua capacidade de atuação, gerar mais renda e profissionalizar a gestão, tornando-se referências locais no modelo de desenvolvimento sustentável.
Além do apoio financeiro direto, as iniciativas selecionadas poderão contar com orientação técnica e acompanhamento de resultados, garantindo maior eficácia na aplicação dos recursos.
Quem pode participar e como funciona o processo
Estão aptas a concorrer cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis, com CNPJ ativo e atuação comprovada na área. Os projetos inscritos devem ter valores entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões e contemplar ao menos um dos seguintes eixos: infraestrutura, inclusão produtiva, inovação tecnológica, qualificação profissional e sustentabilidade financeira.
As inscrições serão avaliadas por critérios técnicos e sociais, priorizando iniciativas com impacto ampliado na cadeia da reciclagem, capacidade de replicação e articulação com entes públicos ou privados. A submissão de propostas pode ser feita diretamente no portal do BNDES até o final de julho de 2025.
Essa abertura para múltiplos formatos de atuação — desde a melhoria de galpões até a implantação de sistemas de rastreamento de resíduos — é um dos destaques do edital, que busca contemplar a diversidade das realidades enfrentadas pelas cooperativas em diferentes regiões do país.
Reciclagem como eixo de inclusão e desenvolvimento
Hoje, as cooperativas desempenham um papel essencial na cadeia de resíduos sólidos, sendo responsáveis por cerca de 90% de todo o material reciclado no Brasil, segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Ainda assim, muitas operam em condições precárias, com baixa infraestrutura e acesso limitado a financiamentos.
O novo edital é uma resposta a essa lacuna histórica. Ao promover o financiamento para cooperativas de reciclagem, o BNDES contribui não só para o aumento da eficiência na gestão de resíduos, mas também para a inclusão social e o empoderamento de comunidades historicamente marginalizadas.
Em tempos de crise climática e pressão por soluções sustentáveis, reconhecer o valor da reciclagem é mais do que uma política de gestão de resíduos: é uma estratégia de justiça ambiental. Cooperativas bem estruturadas tornam-se agentes de transformação nos territórios, articulando economia local, geração de empregos e proteção ambiental.
Conexão com a logística reversa e os compromissos ESG
A iniciativa também dialoga diretamente com as metas de logística reversa estabelecidas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores.
Empresas que buscam se adequar a essas exigências encontram nas cooperativas um elo fundamental. Por isso, fortalecer esses grupos significa, na prática, investir em soluções concretas para o cumprimento das metas ESG e para a construção de cadeias produtivas mais limpas.
Do ponto de vista estratégico, o apoio do BNDES surge como uma oportunidade para as marcas que desejam se aliar a cooperativas em projetos estruturados, com impacto mensurável e retorno social legítimo.
Além disso, iniciativas como esta podem ser catalisadoras de parcerias com o setor privado, ONGs e governos locais, criando um ecossistema colaborativo em torno da reciclagem.
Caminhos abertos para o futuro
A abertura desse edital representa uma mudança significativa no modo como o país encara os pequenos atores da cadeia de resíduos. Ao considerar as cooperativas como aliadas estratégicas na transição ecológica, o BNDES inaugura um novo capítulo na política de fomento à economia circular.
Se bem implementado, o financiamento para cooperativas de reciclagem poderá gerar efeitos multiplicadores: mais emprego, menos resíduos nos aterros, cidades mais limpas e cidadãos mais conscientes.
Cabe agora às cooperativas aproveitarem essa oportunidade e apresentarem propostas consistentes, capazes de demonstrar não apenas suas necessidades, mas o potencial transformador do trabalho que já realizam há décadas.