Imprescindível para a estruturação de um futuro sustentável no universo corporativo, a logística reversa é definida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS como um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial. Esses resíduos passam por um reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou por uma destinação final ambientalmente adequada. O processo é regulamentado no Brasil desde 2010 com a lei nº 12.305 que prevê a redução, reutilização e reciclagem na geração de resíduos e impõe a implementação de sistemas de produção e consumo consciente a fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.
No Paraná, uma parceria entre o Instituto de Logística Reversa – ILOG, governo estadual e municipal e cooperativas de catadores está transformando o interior do Estado do Paraná em uns dos principais polos de logística reversa do Brasil. Em 2016, as cidades de Londrina (ABIHPEC E ILOG) e Maringá (ILOG) ganharam as pioneiras Centrais de Valorização de Materiais Recicláveis (CVMR), fruto de um investimento de mais de R$ 3 milhões. O poder público foi responsável por ceder locais para a implantação das CVMRs. Já o ILOG, além de auxiliar na administração dos espaços, cedeu toda a infraestrutura para separação, processamento e logística, e capacitou a mão de obra (Catadores/Cooperados). “As centrais auxiliam diversas instituições da cidade a adotar e desenvolver práticas em cumprimento das políticas de sustentabilidade e garantindo a reintegração de materiais reutilizáveis como papel, vidro e garrafas pet ao seu processo produtivo original”, comenta Nilo Cini Junior, presidente do ILOG.
Todo esse esforço tem contribuído para a minimização do descarte de resíduos na natureza. Durante o ano de 2017, a Central de Maringá processou mais de 1.712 toneladas de materiais que foram destinados para serem novamente utilizados como matéria-prima na Industria: vidro (759,63 toneladas), papelão (452,62 toneladas), embalagens longa vida (67,15 toneladas), papel branco (147,24 toneladas) e papel misto (286,67 toneladas). Em Londrina foram mais de 415 toneladas, sendo: pet (79,75 toneladas), papelão (230,85 toneladas), embalagens longa vida (40,93 toneladas), papel branco (20,71 toneladas) e papel misto (116,5 toneladas). A destinação ao reuso ou o descarte correto dos resíduos, tem representado um processo vital na diminuição do impacto ambiental causado pelas indústrias da região.
O aspecto social do projeto, também, é muito importante pois colabora diretamente com geração de empregos no município. “O trabalho realizado nas CVMRs de Maringá e Londrina não só contribui para a construção de uma sociedade sustentável como também estimula o associativismo e o cooperativismo, gerando empregos e melhorando a renda de dezenas de famílias de catadores, pois eles são fundamentais no processo de separação e triagem das embalagens em suas cooperativas, para que sejam enviadas para as Centrais, aonde a comercialização é feita com maior valor agregado”, explica Nilo Cini Junior.
Além disso, o trabalho de logística reversa também é muito vantajoso do ponto de vista econômico tanto para as organizações quanto para a administração pública das cidades, já que garante uma redução significativa na exploração de recursos naturais, diminuindo os custos das indústrias com matéria-prima e reduzindo também os gastos governamentais com limpeza pública e construção de aterros sanitários. “Com menos de dois anos de atuação na cidade de Maringá, o ILOG comprovou que a união entre poder público, iniciativa privada e cooperativas podem contribuir muito para um mundo melhor, e nossa intenção daqui para frente é difundir cada vez o conceito de logística reversa e expandir nossa abrangência com novas unidades na região”, completa Nilo Cini Junior.